Formação Espiritual: A Importância do Sorriso
Desde pequenos ouvimos dizer que
a primeira impressão é a que fica. Eu não saberia dizer qual é o grau de
veracidade desta afirmação. Contudo, não podemos negar que ser recebido com um
sorriso é um diferencial que anima e desarma quem chega num lugar. Lembro-me de
um funcionário de uma universidade que era responsável por lidar com os
estudantes desesperados por resolver algumas infindáveis questões burocráticas.
Lembro-me que, muitas vezes, as pessoas iam até esse funcionário com o
semblante alterado prontos para criar confusão e desordem naquele setor. E esse
funcionário que quase sempre estava de costas, finalizando alguma tarefa no
computador, quando se virava de frente, para atender o aluno, abria um grande
sorriso acolhedor. E a pessoa que já estava pronta para iniciar uma guerra
ficava sem graça e não conseguia brigar com o funcionário. Inclusive era comum
alguns saírem do setor se queixando porque, apesar de terem motivos para
ficarem bravos com alguns aspectos administrativos da referida instituição de
ensino, não conseguiam brigar com o atendente.
O sorriso de fato é o nosso
cartão de visitas. Ao dizer isso, não quero tão somente enfatizar a importância
de se consultar o dentista regularmente, embora a saúde bucal deva ser sempre
levada em consideração. Quero sim enfatizar a importância de procurarmos sempre
em nossa prática pastoral receber as pessoas com um sorriso. Sorrir para o
outro é o primeiro gesto de acolhimento para quem chega. O sorriso indica que a
pessoa está entre amigos que partilham da mesma fé e estão felizes por
caminharem juntos. O nosso sorriso tem o mesmo poder do farol que reflete a luz
interior e assim ilumina o caminho do navegante em meio à escuridão da noite. O
nosso sorriso deve refletir aquela luz de Cristo que brilha dentro de nós. E
essa luz é um dos meios que Deus utiliza para dizer ao outro, aquele que é
acolhido, que ele não está sozinho e que há uma luz no fim do túnel.
O Evangelho nos ensina que
devemos amar uns aos outros como o próprio Deus nos amou (Jo 15,12). O amor de
Deus por nós não é algo abstrato. O amor de Deus é concreto. Ele se manifesta
na cruz; na Eucaristia; na doação de sua própria vida a cada um de nós. Neste
sentido, como dizia Dom Bosco: “Não Basta dizer que ama. É preciso demonstrar”.
O nosso amor não pode se limitar a palavras que muitas das vezes se perdem com
o vento. É preciso que o nosso amor pelo irmão que acolhemos se torne visível e
manifesto. E uma das maneiras de tornar o nosso amor visível é por meio do
sorriso. O ministro do acolhimento deve ser alguém que traz nos lábios o
sorriso próprio daquele que encontrou o sentido da vida; daquele que sabe em
quem depositou a sua vida, confiança e esperança. Não dá para acolher o outro
com apatia ou com o rosto desanimado. Afinal, quem vai a Igreja tem o direito
de se encontrar e ser recebida por pessoas que trazem no sorriso e no olhar a
fé, a esperança e o amor. Isso não quer dizer que os ministros do acolhimento
sejam pessoas perfeitas ou que não passem por dificuldades, mas sim que são
pessoas que sabem que tudo na vida é passageiro menos o amor de Deus. E, por
isso, com todas as dificuldades, toda dor e, talvez, até mesmo sofrimentos que
a vida pode suscitar trazem no peito a certeza de serem amadas por Deus.
É preciso dizer que o sorriso
exige trabalho. É fácil sorrir quando as coisas caminham bem; quando todos os
meus desejos são satisfeitos. Contudo, quando chegamos ao inverno da vida, só
consegue sorrir quem se trabalhou para tal. Neste sentido, a beata Lindalva
Justo de Oliveira costumava dizer que “Ninguém vê o que tem no meu coração, ele
pode sofrer, mas o rosto é dos outros, este precisa sorrir”. Esse é o trabalho
cotidiano no qual precisamos nos exercitar: sorrir sempre. O nosso sorriso é
fruto da nossa alegria espiritual e um precioso testemunho para quem nos
encontra. Por isso, São Francisco passou aos seus frades um ensinamento
precioso que vale para todo ministro do acolhimento. Leiamos o que escreveu
Tomás de Celano acerca de São Francisco.
Uma vez, São Francisco viu um de
seus companheiros com semblante aborrecido e triste e, sem conseguir
suportá-lo, disse-lhe: “Um servo de Deus não deve mostrar-se triste e
atormentado, mas sempre sereno. Resolve teus problemas em tua cela, chora e
geme na frente do teu Deus. Quando voltares para junto dos irmãos, deixa de
lado o aborrecimento e trata de te comportares como um deles”. E acrescentou,
um pouco depois: “Os inimigos da salvação humana me odeiam bastante e estão
sempre procurando perturbar meus companheiros porque não o conseguem comigo”.
Gostava tanto de ver as pessoas cheias de alegria espiritual que em certo capítulo mandou escrever estas palavras de exortação para todos: “Cuidem os frades de nunca se mostrar mal-humorados e hipocritamente tristes. Mostrem-se jubilosos no Senhor, alegres e felizes, simpáticos como convém” (II Cel 128).
Gostava tanto de ver as pessoas cheias de alegria espiritual que em certo capítulo mandou escrever estas palavras de exortação para todos: “Cuidem os frades de nunca se mostrar mal-humorados e hipocritamente tristes. Mostrem-se jubilosos no Senhor, alegres e felizes, simpáticos como convém” (II Cel 128).
Assim também devem se mostrar os
ministros do acolhimento.
Perguntas para reflexão:
- Com que ânimo eu venho acolher as pessoas nas missas?
- O que eu faço quando estou triste?
- Eu consigo transmitir ao outro o quanto eu e ele somos amados por Deus?
- O que posso melhorar na minha prática de acolhimento?
Muito boa essa formação, sou coordenador tbm da pastoral da acolhida de uma igreja do Distrito Federal e Utilizarei esses textos para complementar a formação que passarei para os jovens que compoe a pastoral
ResponderExcluirSou coordenadora da acolhida da minha paróquia. Fiz várias formações na Catedral. Sempre chamo alguém para da formação na paróquia.. acontece que tem pessoas que não querem fazer que posso fazer?
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